segunda-feira, 9 de abril de 2012

Barbie, uma loura com ambições


São ínvios os caminhos do comércio. Barbara Millicent Roberts, a primeira boneca com seios da História, fez a sua primeira aparição pública em Nova Iorque na edição de 1959 da Toy Fair, para se tornar um símbolo do muito institucional american way of life. Doravante, foi o sucesso à escala planetária com milhões de cópias vendidas e um gigantesco closet que inclui peças assinadas por Calvin Klein, Donna Karan, Nicole Miller, Christian Dior, Anne Klein, Ralph Lauren, Carolina Herrera ou Donatella Versace. Ainda que estejamos na posse destes elementos, uma visita ao site desta princesa de palmo e meio (www.barbie.everything.com) pode ser uma experiência impressionante. Em 1961, a Mattel, galvanizada com o sucesso arranjara-lhe o primeiro adereço: o noivo Ken. Seguiram-se, ao longo dos anos, não outros namorados (coisa inimaginável numa all amrican girl) mas amigos sem sombra de ambiguidade como Skipper, Tutti e Tod. Hoje (com Ken elegantemente remetido para a sala de troféus desde fevereiro de 2004, em comunicado da Mattel, que anunciavam a ruptura), o enxoval da rapariga inclui mobiliário suficiente para adornar várias penthouses, autocaravanas, automóveis de desporto e todo um jardim zoológico de animais domésticos.

  A polémica continua, sobretudo depois de ter sio introduzida no mercado uma Barbie falante, que repetia até à exaustão frases pouco abonatórias como "Maths is hard", "I love shopping" ou "Will we never have enough clothes"? Ante tais pérolas, os detratores da Barbie não tardaram a trautear a canção dos Aqua  (datada de 1997) para demonstrar a que níveis de futilidade ela pode reduzir as meninas ("I'm a blond bimbo in a fantasy world/Dress me up, make it tight, I'm your dollie/You're rock'n'roll, feel the glamouring and pain/Kiss me here, touch me there, hanky panky"). Criou-se mesmo um movimento de libertação da Barbie e houve já quem desenvolvesse projetos artísticos baseados na distorção da sua imagem de base, sempre à prova de stress. Indiferente, Barbara Millicent Roberts adapta-se aos tempos com a panache duma corredora de fundo. Sempre com o mesmo sorriso seráfico, interpreta o papel que cada geração lhe quer vestir: Scarlett O'Hara, Eliza Doolittle, Marilyn Monroe, fada, princesa, grávida, cowgirl ou fashion victim. Alguém consegue jurar quantas peles pode vestir um camaleão?

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