domingo, 6 de maio de 2012

Cristobal Balenciaga, requinte made in San Sebastian




Cristobal Balenciaga com o seu perfil à Jay Gatsby
   Chanel, que não era mulher dada a elogios, não esteve com meias medidas para definir o trabalho de Cristobal Balenciaga: "É o único verdadeiro costureiro entre nós". Fosse porque, nos seus melhores anos, o basco era belo como Rudolfo Valentino, fosse porque a sensual elegância dos trajes por ele assinados tocaram Mademoiselle, a verdade é que, nas décadas de 40 e 50, Balenciaga foi muito mais do que um Christian Dior ibérico.
   Nascido na pequena vila piscatória de Guetaria de 21 de janeiro de 1895, apaixonou-se pela moda com as mulheres da sua família. Marina Balenciaga, sua mãe, era modista da très exquise Marquesa de Casa Torres, uma das mulheres mais ricas da região. Fascinado pela beleza dos vestidos que ela importava de Paris e Londres, o pequeno Cristobal cedo percebeu que a moda era um passaporte para um mundo de sonho e sofisticação, maior do que a vida de todos os anos. 
   Aos 8 anos, mudou-se, com a família, para San Sebastian e o rapaz não só foi a banhos de mar como mergulhou numa das mais cosmopolitas estâncias balneares da Europa. Á beira da baía de La Concha, passeava-se, entre outras figuras & figurões, a família real espanhola, que, desde 1906, tinha como "estrela" a belíssima rainha, Victoria Eugénia, que viera de Londres para a movimentada cama do Rei Afonso XIII. Por essa época, em que o recurso ao trabalho infanto-juvenil era um recurso fundamental para as famílias, Cristobal iniciou a sua formação como aprendiz de alfaiate em dois dos melhores estabelecimentos do género, a Casa Gómez e a New England. Em 1911, mudou-se para os Grandes Almacenes Au Louvre, onde, dois anos volvidos (i.e. com apenas 18) se tornou responsável pela confeção de senhora. Nessa qualidade, começou a viajar para Paris e a tomar contacto directo com que o de melhor e mais vanguardista se fazia em moda nos anos que precederam a Iª Grande Guerra. Em breve, Balenciaga tornar-se-ia uma marca sediada em San Sebastian, procurada pelas damas da corte em férias de verão.
   Esta doce prosperidade, calma como um passeio à beira-mar, foi interrompida pelas convulsões da própria História de Espanha. Em 1931, a proclamação da República levou para o exílio grande parte da sua carteira de clientes e cinco anos depois foi a própria Guerra Civil que "mandou" o costureiro para Paris. O que poderia ter subjugado outros foi uma oportunidade de ouro para o talentoso Cristobal. Em poucos anos, instalava o "quartel general" das suas operações na Avenue Georges V e era colocado, por público e crítica, lado a lado com figuras cimeiras da moda internacional como Coco Chanel, Elsa Schiaparelli e Mainbocher. Segredo? Muita determinação e a consciência de que só sendo fiel à sua cultura se pode ser universal.

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